# Os finais de relacionamentos amorosos constituem momento dolorosos e difíceis, independentemente do motivo do seu fim.
# Cada final e cada jornada é única e singular, sendo fundamental a existência de recursos e estratégias de forma a ultrapassar e gerir esta transição de vida.
# O luto é uma fase dolorosa e é expectável a exigência de diversos sentimentos e emoções variados e fortes, como reação à mudança e transição de vida que se está a viver.
# Quando um relacionamento de intimidade termina, pode emergir a sensação de uma parte de nós também desaparece: papéis, funções, dinâmicas, interações que tínhamos e que deixamos de ter porque já não temos a pessoa na nossa vida.
Alguns modelos defendem que existem várias fases após o final do relacionamento, não sendo iguais para todas as pessoas nem obrigatórios na sua existência ou ordem.
O Modelo de Luto proposto por Kubler-Ross (1997) defendeu que envolve cinco fases:
1. Negação: a negação permite dar espaço à pessoa para processar e gerir esta nova fase, sendo um mecanismo de defesa comum, o que pode ajudar a gerir a intensidade do momento. Á medida que a negação vai diminuindo, a tristeza e zanga começa a emergir, sendo algo natural.
Por exemplo: “Ele está apenas zangado comigo, amanhã já passa.”
2. Raiva: Contrariamente à negação, a raiva pode emergir com um efeito de mascarar outras emoções vividas, podendo ser direcionada para um conjunto de pessoas – ex-parceiro por exemplo. Á medida que a raiva diminui, outras emoções começam a emergir.
Por Exemplo: “Odeio-o, ele vai se arrepender de me ter deixado.”
3. Negociação: Nesta fase, a pessoa pode tentar fazer acordos ou negociar com forças superiores para tentar reverter a perda. Podem surgir pensamentos como "Se ao menos eu tivesse feito isso de forma diferente..." ou "Prometo ser uma pessoa melhor se apenas essa pessoa voltar".
4. Depressão: É caraterizado como uma fase de refúgio, isolamento, sensação de impotência.
5. Aceitação – Resolução do sofrimento, um momento de maior serenidade.
Foi um modelo com duras críticas, pois segundo o modelo o processo fica “concluído” quando a pessoa concretiza cada uma destas fases.
O Modelo de Processo Dual (Stroebe & Schut, 2001) concetualiza o processo de luto como uma articulação dinâmica e interdependente, entre um coping orientado para a perda e um coping orientado para a reintegração/restabelecimento.
#Como posso processar a perda da pessoa?
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Realizar o trabalho de luto.
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Sentir os sentimentos e emoções: tristeza, raiva, zanga, dor.
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Quebrar os laços com a pessoa.
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Negação, evitamento e ruminação.
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Ver fotografias e memórias da pessoa.
#Como me posso restabelecer depois desta perda?
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Atender às mudanças de vida.
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Retomar as tarefas do dia a dia.
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Procurar fazer coisas novas.
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Distração da dor.
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Construir novos pápeis, relações e funções.
#Quanto tempo demora o processo de luto?
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É diferente de pessoa para pessoa.
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Não existe tempo ou ordem mais normativa do que outra.
# Afinal, o que é que faço?
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Sentar na Emoção: é normal e expectável emergirem imensas emoções, variadas e até contraditórias. A regulação emocional é importante. Dar espaço para viver estas emoções.
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Procurar ajuda: Partilhar com pessoas amigas, família e colegas o que sentimos.
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Autocuidado: investir tempo individual em atividades prazerosas e que ajudem nesta gestão emocional
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Gerir os pensamentos ruminantes e intrusivos: é natural que exista a tendência de remoer no passado, pensar no relacionamento, nos momentos partilhados. A gestão destes pensamentos é fundamental.
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Gerir a comunicação com a pessoa – seja direta ou indireta – por exemplo: o tempo que se passa nas redes sociais da ex-parceira(o).
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Normalizar a existência de sentimentos positivos em relação à pessoa: nem todos os relacionamentos têm de terminar com as pessoas a detestarem-se (infelizmente muitos terminam desta forma) – é natural gostarmos da pessoa e reconhecermos caraterísticas positivas na mesma.
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Experimentar coisas novas: novos papéis, atividades, dinâmicas.
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Terapia: caso o sofrimento seja excessivo e intolerável, a rede de apoio seja ineficaz, um processo terapêutico pode ajudar neste processo dinâmico, complexo e multifacetado.
# Existe um tempo ideal para estar com outras pessoas romanticamente?
O tempo para processar o final de um relacionamento não é uma ciência exata e depende da qualidade da relação com a pessoa, dos acontecimentos que resultaram no término da relação, dos recursos individuais, relacionais e sociais da pessoa, assim como o processo que é feito num determinado tempo.
O tempo só por si, diz muito pouco. O tempo é pessoal e singular.
# O importante é:
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Respeitar o tempo pessoal e individual para processar o final da relação.
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Procurar compreender a que necessidades é que uma nova pessoa vem responder.
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Não se comparar a outras pessoas ou a outros finais de relação.
Como superar o final de uma relação amorosa?
